“Aquilo a que normalmente chamamos sorte, não é mais do que o cruzamento da oportunidade com a preparação.”
Anthony Robbins
Há um tema que aparece frequentemente nas minhas reflexões e sobre o qual já tenho escrito antes. Chamo-lhe “o Mito do Empreendedor”, numa tradução livre daquilo a que Michael Gerber chamou de E-Myth num livro com o mesmo nome do princípio dos anos 80.
Este assunto trata, essencialmente, sobre os níveis de insucesso das pequenas empresas e respectivos motivos.
De facto, pelo mundo fora, tem sido medido que 96% dos negócios, não sobrevivem aos primeiros 10 anos de actividade.
As razões para estes dados tão dramáticos prendem-se, na minha opinião, com um desequilíbrio nas valências dos empresários enquanto tal. Acredito que cada um de nós, quando decide montar o seu próprio negócio, tem aquilo a que gosto de chamar de uma disfunção tripolar, ou seja assume 3 personalidades: A Empreendedora; a Gestora; e a Técnica.
O Empreendedor é a nossa personalidade criativa, que vive no futuro, procura o controlo e tem uma visão.
O Gestor é a nossa personalidade planeadora no sentido da organização de dados, procura a ordem, a previsibilidade e que vive no passado.
O Técnico é a nossa personalidade executora, que vive no presente e que não confia no trabalho dos outros.
Do equilíbrio que consigamos ter entre estas 3 valências dependerá, quase sempre, o sucesso empresarial.
Considero que a grande falácia do empreendedorismo é a de que se conhecemos o trabalho técnico subjacente a qualquer negócio, conhecemos esse mesmo negócio. E porquê? Porque, ao contrário daquilo que normalmente se pensa, as pessoas que montam negócios, não são eminentemente empreendedoras e sim técnicos insatisfeitos.
Os problemas começam aqui. Quando a empresa está montada, o que é que vai fazer o Técnico/Empresário? O trabalho técnico subjacente ao negócio… A questão que se levanta é a de quem vai fazer os outros papéis… Ou seja não só não há gestão, no sentido da ordenação e tratamento da informação, como ninguém faz o trabalho de empreendedor que é o de preparar o negócio para crescer.
Nesta fase o negócio é normalmente gerido de acordo com o que o dono quer, por oposição àquilo que o negócio precisa. O negócio cresce até ao limite da zona de conforto do Técnico, até que este compreende que precisa de ajuda.
Nessa altura o Empresário contrata alguém, para fazer o trabalho de que não gosta. O trabalho que não o deixa confortável. Dessa forma, pode voltar a fazer aquilo que sabe e que mais gosta. E, normalmente, é aqui que comete o segundo erro capital. Gere por abdicação em vez de o fazer por delegação. Ao abdicar totalmente de determinada actividade, o Empresário perde o controlo do negócio, fica nas mãos do profissional contratado e rapidamente volta a chegar ao limite da sua zona de conforto. A tudo isto se junta o facto de trabalhar demasiadas horas obtendo resultados pobres, por desejar controlar todos os detalhes operacionais e/ou técnicos do seu negócio, uma vez que não confia naquilo que os seus outros colaboradores fazem.
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