O crescimento está para um negócio, como o oxigénio está
para a vida. Defendo, desde há muito, que o crescimento empresarial deve ser
entendido como uma disciplina e da minha experiência, esta disciplina tem
várias áreas de desenvolvimento. Estas áreas, por sua vez, têm sido identificadas
com consistência nas empresas que mantêm, no longo prazo e de forma consistente,
crescimentos acelerados.
Visto de outra forma, arriscava-me a dizer que, como
empresários, não temos escolha: o nosso negócio, como todas as outras coisas na
natureza, também está, a cada momento, a crescer ou a morrer. Se pensa que o
seu negócio pode estar estagnado está enganado. Provavelmente este já começou a
morrer e é o leitor que ainda não se apercebeu disso. E das duas uma: ou volta
a colocá-lo no caminho do crescimento ou é uma questão de tempo até que ele
esteja definitivamente condenado.
O crescimento consistente e ao longo do tempo é então
resultado de práticas de gestão disciplinadas. Não resultado da sorte, do
mercado, dos astros e qualquer outros aspectos que nos escapem ao controlo.
Muitas vezes pergunto aos empresários quanto valeria a sua
facturação se, até hoje, mantivessem todos os clientes com quem algum dia
trabalharam. Porque as empresas que mantêm crescimentos acelerados no longo
prazo sabem exactamente quanto do seu negócio depende de venda repetida e
quantos clientes estão a perder todos os anos.
Estas empresas compreendem também a importância, de ter a
noção de quantos clientes estão a conquistar à concorrência. E mesmo quando
estão a conquistar quota de mercado, sabem exactamente quanto dessa quota
decorre de clientes novos e quanto decorre de vender mais a antigos clientes.
As empresas que mantêm crescimentos consistentes de dois
dígitos avaliam também a forma de se manter o crescimento na sua indústria e
monitorizam, de forma sistemática e comparativa, a possibilidade de crescer
organicamente face a crescer por aquisições.
Estes negócios, que mantêm uma abordagem disciplinada ao
crescimento, mantêm-se alerta aos segmentos de maior crescimento no seu
mercado, de forma a posicionarem-se neles de uma forma constante.
Da mesma forma, estão sempre atentos aos mercados adjacentes
ao seu que apresentam melhores perspectivas de longo prazo no futuro.
E estes crescimentos acelerados trazem, no longo prazo
também, uma série de ciclos virtuosos que ajudam a que esse crescimento se
mantenha.
Quanto mais uma empresa cresce, mais tem capacidade de
crescer adquirindo concorrentes, uma vez que pode usar o seu próprio valor como
moeda de aquisição. Ou seja quanto maiores os lucros previstos para um negócio
maior a sua capacidade de contrair dívida para aquisições, mas também é maior a
sua capacidade de crescer oferecendo as suas próprias quotas ou acções como
moeda na aquisição.
Quanto mais uma empresa cresce mais atenção e notoriedade
capta no mercado e mais clientes atrai. Aumenta a confiança dos clientes no seu
produto ou serviço. Toda a gente quer trabalhar com os líderes...
Quanto mais uma empresa cresce mais oportunidades existem
para os seus colaboradores progredirem nas suas carreiras, o que por sua vez
conduz a maior moral, produtividade, criatividade e capacidade de inovação.
Isto gerará, para o mercado, maior valor o que por sua vez atrairá ainda mais
clientes.
Portanto, na minha perspectiva, o crescimento acelerado no
longo prazo não é um cenário de sonho, mais sim bastante atingível. Não discuto
que os ciclos da economia não possam ter, pontualmente, algum impacto sobre
esse crescimento. Mas acredito profundamente que, ainda assim, o crescimento
decorre muito mais das escolhas que nós fazemos e muito menos do que se esteja
a passar no mercado e na concorrência. Por muito forte que seja a concorrência
pode sempre ser ultrapassada e o mercado prefere fazer negócio com os
vencedores.
E o melhor da disciplina do crescimento é que pode ser
adoptada, acredito eu, por qualquer empresa desde que em linha com os seus
objectivos e ambições.
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