No caminho do Empreendedorismo, às fases do empregado e do “auto-empregado”, segue-se a fase do Gestor. A fase do Gestor começa quando contratamos os nossos primeiros colaboradores.
A maior parte de nós contrata colaboradores, na ilusão de que a vida se tornará mais fácil a partir desse momento. A maior parte de nós descobre também, muito rapidamente, que nada poderia estar mais longe da verdade. A partir do momento em que o Empreendedor contrata o seu primeiro empregado, passa a ter de controlar o trabalho de um terceiro e de resolver aquilo que este não faz bem, para além de continuar a desempenhar as suas próprias tarefas. O que normalmente acontece é que, à medida que vamos contratando outras pessoas, vamos trabalhando cada vez mais horas e de uma forma cada vez mais árdua.
Há uma série de convicções que parecem comuns a grande parte dos pequenos Empresários e que os afastam do sucesso e, consequentemente, da possibilidade de deixarem de ser pequenos.
Uma dessas convicções é a confusão entre a noção de dimensão e a de sucesso. Grande parte dos Empreendedores parece medir o seu nível de sucesso pelo número de pessoas que trabalha para si. Outros há que o fazem pelo seu volume de vendas. O problema é que estas convicções enviesadas lhes desviam a atenção daquilo que é de facto importante: o lucro. Muitas empresas crescem, por isso, até se tornarem vítimas do seu próprio crescimento.
Outra das convicções comuns aos Empresários é a de que ninguém é tão bom quanto eles próprios. E o que é engraçado é que, na maior parte dos casos, isso acaba por ser verdade. Não porque eles sejam de facto fantásticos e/ou insubstituíveis mas, principalmente, porque as suas organizações não permitem que os Colaboradores cresçam a ponto de poder assumir determinadas responsabilidades. Normalmente o Empresário, na fase do Gestor, gosta acima de tudo de ter o controlo, de mandar. Gosta mais de mandar do que de ter lucro, gosta mais de mandar do que de ver os outros (os seus colaboradores) crescer e ter sucesso, gosta mais de mandar do que de ter tempo livre e, consequentemente, ter uma vida boa. A sua relação com os seus colaboradores torna-se perniciosa. A sua mentalidade constrói-se sobre a ideia de controlar os empregados, por oposição a liderar a equipa.
Uma variante comum desta última convicção é a de que não conseguem encontrar bons colaboradores. E o mais curioso é que, de facto, isso se torna também verdade. Não porque não haja pessoas de qualidade, mas porque se falha no seu recrutamento, selecção, integração e treino. Quando temos boas empresas, os bons empregados querem vir trabalhar connosco. Quando somos bons líderes, as nossas equipas têm bons resultados e estão motivadas. Quando estamos preparados para recrutar as pessoas certas para os lugares certos, e proporcionar-lhes o ambiente de que elas necessitam para terem bons desempenhos, é isso que acaba por acontecer. Como em tudo o resto na vida, no que respeita aos colaboradores também temos os que merecemos.
A convicção de que é necessário trabalhar duro para se ganhar a vida é outra das que gostaríamos aqui de referir. É curioso que ouço pouca gente dizer que tem de trabalhar de forma inteligente para criar riqueza. Esta convicção tem dois aspectos a referir. O primeiro é que trabalhar duro ajuda, mas trabalhar de forma inteligente é ainda mais importante. O segundo trata das limitações que nos podem criar os nossos objectivos. Quantas pessoas conhece que só objectivem ganhar a vida e acabem por tornar-se ricas? O que acontece quando acreditamos que precisamos de trabalhar duro para ganhar a vida, é que o melhor cenário possível vai ser exactamente esse.
O que é então necessário construir, nesta fase da nossa vida empresarial, para que possamos evoluir para a próxima fase do processo de criação de riqueza? Acima de tudo uma série de aprendizagens. Devemos aprender sobre liderança, construção e gestão de equipas. Delegação e confiança. Devemos aprender sobre sistemas. Nada na natureza cresce sem um sistema e nas empresas funciona da mesma forma. Devemos aprender a planear e gerir o crescimento. Devemos construir e solidificar relações, com outros empresários, com a Banca, com Fornecedores e Clientes. Devemos criar uma reputação de credibilidade e seriedade. Devemos treinar-nos a tomar decisões rápidas. Devemos estudar e aprender a gerir e alocar recursos, sendo que destes é fundamental o cash flow.
Tudo isto são coisas que não só nos vão fazer falta no próximo degrau, mas também para lá chegar. Como tal, devem ser estas as principais preocupações de um Empresário cujo(s) negócio(s) esteja(m) nesta fase de evolução.
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