segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O dinheiro não nasce todo igual!

Observo com curiosidade que vários empresários desconhecem que nem todo o dinheiro nasce igual. Talvez pela elaboração de mapas de fluxos de caixa não ser obrigatória por lei, o Empresário tem dificuldade em perceber que o dinheiro não é todo igual.

As empresas têm dinheiro operacional, que vem da sua actividade regular e tem origem nas suas vendas. Como tal é dinheiro que pode sair da empresa se esta não necessitar do seu reinvestimento.

Têm também dinheiro das actividades de investimento que não costuma, nas PME, ser significativo mas que deve ser tratado de outra forma. A existência deste dinheiro não atesta da saúde nem dos resultados da normal actividade do negócio, mas sim de alguns investimentos que eventualmente tenha feito. Como tal, todas as decisões sobre a sua utilização devem ponderar isso mesmo.

Por último, temos dinheiro de financiamento. E é com este que é preciso ter mais cuidado. Vejo com demasiada frequência várias empresas viverem com algum descuido devido à existência de dinheiro (de financiamento) na conta bancária e não compreendem que esse dinheiro não foi produzido pelo negócio. E quando falo em descuido falo muitas vezes, também, da confusão que frequentemente existe entre o dinheiro da sociedade e o da vida pessoal do Empresário. O dinheiro de financiamento entrou na Empresa de fontes externas e como tal, é dinheiro que deve ser utilizado sobretudo para investir e, na minha opinião, nunca para distribuir pelos sócios.

O que quero dizer com isto é que o dinheiro das actividades de financiamento deve ser usado para investir em activos, que por sua vez devem gerar vendas. E por isso deve ser usado de forma eficaz. Depois aguardamos que a eficiência da gestão nos permita transformar essas vendas em lucro e esse lucro em mais dinheiro. Mas desta vez dinheiro operacional! E este sim pode depois ser utilizado para distribuir pelos sócios, desde que não se entenda como prioritário pagar a dívida ou o crescimento do negócio já não o absorver.

Compreender estes princípios não é uma opção. É decisivo! A sua ignorância conduzirá a resultados dramáticos, que normalmente se descobrem quando as condições de mercado se deterioram e expõem as fraquezas dos negócios. Pois como diz Warren Buffet “O mercado, tal como o Senhor, compensa os que cuidam de si próprios. Mas o mercado, ao contrário do Senhor, não perdoa aos que não sabem o que fazem!”

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